Estava meditando nos empregos que já tivera e em tudo o que me acontecera, de bom e de mau, enquanto estive em cada um deles. Então recordei-me de várias coisas que me marcaram enquanto estivera no meu primeiro emprego.
A minha primeira experiência profissional foi numa Pousada de Portugal, agora já pertencente a um outro grupo hoteleiro. Lá aprendi o que significa realmente ser polivalente: começava limpando a piscina, ajudando no jardim, trabalhando no bar room-service, depois no restaurante aos almoços, voltando ao bar toda a tarde, depois ao restaurante para os jantares e, uma ou duas vezes por semana, depois dos jantares fazia a recepção da meia-noite às oito da manhã.
Digamos que o diretor da Pousada não gostava muito da minha fé em Deus e tinha um certo gosto em me humilhar e me "espezinhar" diante de todos. Lembro-me de inúmeras vezes em que me fez sentir quase vontade de lhe responder, mas nunca o fiz.
"E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome."
Atos 9:16
"Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar."
1 Coríntios 10:13
Neste dia, veio à minha mente algo em particular. De todas as vezes em que, deliberadamente, ele me fizera sentir reles e inútil, para além de ficar com alguma tristeza, nunca me obrigara a fazer algo que pudesse prejudicar alguém. Mas houve uma altura, em que fui forçado a fazer algo que não queria...
Estava claro que aquilo que eu defendia e amava era bem diferente daquilo que o diretor pensava. Saído de um casamento falhado por sua própria infidelidade, andava entre relações sexuais fugazes, e defendia e ensinava aos seus formandos (pois era também professor de gestão de empresas) a humilhação dos sub-alternos como a melhor forma de exercer poder. Eu mesmo fui várias vezes um exemplo, humilhando-me diante dos seus alunos, sem razão alguma para isso, quando os convidava a ir até lá. Digamos que as suas "medidas" eram diferentes das minhas...
Quando já estava decidido em deixar a empresa, ele começou a levantar novamente problemas contra mim, afirmando que eu não mantinha os níveis de ph corretos da água da piscina. Todos os dias eu fazia testes à água e, sempre que necessário, despejava bidões de hipoclorito e de ácido.
A água estava perfeitamente bem. Mas, como constantemente ele me arrasava dizendo-me asperamente que os níveis estavam mal, comecei despejando todos os dias um a dois bidons de ácido e cloro. Mas ainda assim, continuava gritando e afirmando que os níveis estavam baixos...
Pela misericórdia de Deus, naquela altura, haviam poucos hóspedes e o tempo não estava propício para nadar na piscina, pois eu gastei todo o stock de bidões de 30 litros cada e encomendei mais.
Mas ainda assim, continuava dizendo-me que precisava de mais.
Até que um dia ele chamou-me ao seu escritório, uma vez mais, para fazer à minha frente o teste da água (com os reagentes que fazem mudar a cor da água conforme o ph e a pureza da mesma) e eu constatei a razão pela qual ele persistia no seu erro: o kit que estava usando e os fracos dos reagentes não eram compatíveis e logo, o resultado final nunca corresponderia à realidade. Disse-lhe isso e claro, não acreditou. Mas após ele usar o meu kit e repetir o resultado várias vezes, apercebeu-se da verdade: as suas "medidas" eram diferentes das minhas!
"Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo."
Lucas 6:38
Não podemos obrigar alguém a ver o que nós vemos quando temos modelos de vida diferentes, acreditamos e seguimos coisas diferentes, ou seja, temos "medidas" diferentes na nossa vida!
Não conseguimos abrir os olhos a alguém, de forma a ver o quão Deus é maravilhoso e amoroso e o quão errada está a sua vida... Apenas Deus, o Todo-poderoso, o pode fazer.
É o Espírito Santo quem quebranta, convence e transforma os corações!
"Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo."
Efésios 4:7
Não vamos condenar os outros por estarem cegos de entendimento, ainda que nos façam sofrer por isso. Vamos fazer a nossa parte para os levar à Salvação.
Não nos deixemos cair no erro de seguir aqueles que não têm a Deus no seu coração. Sejamos nós que, com o nosso viver, integridade e testemunho, influenciemos os outros a experimentarem as verdadeiras "medidas", as "medidas" de Deus, e descobrirem a Verdade que liberta e que nos leva a Cristo que nos salva da condenação eterna.
Ainda que possamos padecer perseguição por amor a Deus, não deixemos de fazer a Sua vontade. Acima de tudo o mais, possamos viver para Ele. Mais que cargos, ministérios e honras seja Deus o que importa na nossa vida. Possam os outros ver Jesus na nossa vida de forma a que nos confundam com Ele, mesmo que nos odeiem a nós como odiaram a Ele...
Deus é maravilhoso, fiel e tudo o que mais importa na nossa vida!!
Deus vos abençoe.
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